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17/05/2012 - Cooperativismo brasileiro bate recorde nas
exportações
*Marco Olívio Morato
As cooperativas têm conquistado um espaço cada vez mais
expressivo nas exportações brasileiras, resultado de um trabalho focado no
profissionalismo da gestão. Em 2011, por exemplo, segundo dados do Departamento
de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior (Depla), órgão ligado ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o
cooperativismo superou em 39,8% o valor exportado em 2010, de US$ 4,47 bilhões,
atingindo a marca histórica de US$ 6,17 bilhões. Isso fez com que a balança
comercial do segmento alcançasse um superávit de US$ 5,8 bilhões, crescimento
de 40,4% sobre o ano anterior. Os dados mostram que o desempenho das
cooperativas apresenta uma escalada significativa, que só interrompida em 2009
por consequência da crise mundial.
A performance tem como componente determinante o
fortalecimento da relação comercial com diversos mercados de destino. Essa
parceria fez com que o cooperativismo ganhasse um espaço relevante nas
exportações do agronegócio, representando 6,5% das vendas totais do setor,
superando, assim, o percentual de 5,8% obtido em 2010. Com isso, o segmento das
cooperativas alcançou 2,4% do valor comercializado pelo País em 2011 – em 2005,
essa participação era de apenas 1,9%.
Para chegar a esse resultado, quatro complexos de produtos se
destacaram, com uma participação de 85% no total exportado. A cultura
sucroalcooleira, por exemplo, alcançou um recorde de US$ 2,3 bilhões no ano
passado, sendo responsável por 37% das vendas. Já a soja exportou US$ 1,2
bilhões, contabilizando 21% de expansão. As carnes aparecem em terceiro lugar,
com US$ 850 milhões, além de uma fatia de 14% dos embarques do segmento. O
café, por sua vez, ocupou a quarta posição, com US$ 830 milhões.
Uma rápida análise dos números do setor de cooperativas nos
permite constatar também a evolução das vendas para cinco principais países de
destino no ano passado. Observa-se, então, uma retomada de mercados
tradicionais, como os Estados Unidos (EUA), a Alemanha e a Holanda (que se
recuperam ou ainda convivem com a crise mundial), e o fortalecimento de outros
em processo de expansão, como a China e os Emirados Árabes Unidos (EAU).
As exportações do setor cooperativista para os Estados Unidos
(EUA), por exemplo, evoluíram significativamente, representando 11,9% dos itens
comercializados em 2011. Dois principais produtos dominaram a pauta exportadora
para esse país, que registraram, além de aumento no volume, uma significativa
alta na receita vendida. O café foi responsável por 50% desse desempenho,
correspondendo a US$ 369 milhões. Já o complexo sucroalcooleiro respondeu por
48% das vendas, somando US$ 352 milhões. Percebe-se, então, que a relação
comercial com os EUA registrou incremento de 234% em valores no comparativo
entre 2011 e 2010, influenciado pela recuperação da economia americana e o
aumento nas cotações internacionais das commodities. No entanto, o volume
exportado em 2011, de 402,9 mil toneladas, ainda está abaixo do registrado em
2008, antes da eclosão da crise financeira, que foi de 461,18 mil toneladas.
As vendas para a China, por sua vez, foram compostas
principalmente por produtos do complexo da soja, que responderam por 66,3% dos
negócios firmados com o país asiático. O destaque ficou para o farelo, com US$
448,2 milhões e 60,8% entre as vendas dos derivados desse produto. Vale ressaltar
também a participação das peças de carne de frango, que, em 2011, foram
responsáveis por US$ 136,9 milhões, ou 18,5% das compras chinesas.
Para o fechamento de 2012, bem como para os próximos anos, é
esperada uma participação ascendente do Brasil no comércio internacional de
alimentos, visando atender à crescente demanda internacional. Isso se justifica
pelos produtos de qualidade gerados pelo País, com custo competitivo, além do
respeito às questões socioambientais. Nesse contexto, projeta-se um aumento gradual
da participação das cooperativas nas exportações do agronegócio brasileiro, que
têm trabalhado na melhoria constante de seus produtos e serviços, investindo
ainda fortemente no profissionalismo de sua gestão.
*Marco Olívio Morato é analista de Ramos e Mercados da
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)
(Fonte: Revista Comércio Exterior Banco do Brasil)