Os Dispositivos de Concentração de Pescado (DCP’s) aumentaram
a captura de peixes na ordem dos 30 por cento na ilha do Maio. A informação foi
avançada sexta-feira, no atelier de encerramento do projecto, que aconteceu no
Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas e que trouxe a São Vicente o
representante da FAO Cabo Verde, o coordenador nacional do projecto e associações
de pescadores das diversas comunidades onde o equipamento já está implantado.
O coordenador nacional do projecto, José Augusto Lopes da
Veiga, explica que, em relação à ilha do Maio em particular, já possuem uma
base de dados, construída com o propósito de conseguir informações das capturas
à volta dos DCP´s. “Recolhemos informações antes e depois da instalação dos
DCP’s de forma a permitir-nos fazer uma comparação do impacto deste
dispositivo. Em relação à ilha do Maio, posso garantir que nos últimos seis
meses tivemos um aumento de captura na ordem dos 30 por cento, que é muito”,
revela este responsável.
Este resultado foi
apresentado no término do projecto. Mas, segundo Lopes, já existe um novo
programa, financiado pela Comissão Sub-regional das Pescas, que vai suportar as
actividades ligadas ao seguimento e avaliação das DCP’s. “O seguimento vai ser
feito em três vertentes: ecológica, biológica e de rendimento. Ou seja, vamos
analisar como evoluíram as capturas desde a instalação dos DCP’s, quanto os
pescadores ganharam e se houve alteração na ecologia. Esse projecto de
seguimento deverá estar implantado dentro de dois meses”.
Os pescadores são os
primeiros a elogiar os DCP’s. José Rui Oliveira, pescador da Ribeira da Barca,
garante que há dois anos o cenário era diferente na sua comunidade. Os barcos
traziam pouco peixe e afastavam mais da costa. Agora, trazem muito peixe e não
precisam ir longe. “Os DCP’s oferecem uma oportunidade de desenvolvimento para
as comunidades. Pescamos grandes quantidades de peixes, incluindo peixes de
fundo e os pescadores já sabem onde encontrar o peixe”.
Clarice Lopes da
Veiga, uma das poucas mulheres a presidir uma associação de pescadores e
peixeiras em Porto Mosquito, tem o mesmo entendimento. Para esta mulher-peixeira,
a colocação dos DCP´s transformou a pesca na sua localidade. “ Já tivemos
muitas formações e, inclusive eu que sou mulher estou a entender muito de
pesca. Temos mais peixe e mais perto. Antes os pescadores passavam o dia no mar
e regressavam com pouca coisa. Agora não”.
Embarcações lançam
redes nas DCP’s
Mas nem tudo são
rosas. Vitoriano dos Reis, membro da Associação de Pescadores do Maio e
representante do INPD, explica que alguns pescadores que estão a utilizar redes
de cerco junto dos dispositivos. Este responsável lembra que os DCP’s foram
implantados para apoiar a pesca artesanal. Contudo este sector está a ser
prejudicado pelas embarcações que lançam as suas redes e varrem esses locais. E
isso cria descontentamento entre os pescadores, assevera.
Sobre esta questão, o
coordenador do projecto admite que o problema já foi identificado. Segundo
Lopes, os DCP’s são dirigidos a pequenos pelágicos, entre os quais chicharro,
cavala e outras pequenas especiais, mas também aos grandes como atum, serra e
djeu.
“A tendência é à volta
dos DCP’s haver uma grande concentração de peixes. Por causa disso, há uma
tentação de usar engenhos capazes de pescar grandes quantidades. Os pescadores
artesanais utilizam linhas de mão, enquanto as embarcações lançam redes.
Dificilmente podemos impedir ou limitar esta prática. É um problema legal, que
precisa ser resolvido. Penso que o projecto de seguimento e avaliação poderá
dar resposta a esta preocupação dos pescadores”, remata.
A semana
Sem comentários:
Enviar um comentário