barragem de Poilão acaba de se transbordar. Farta de tanta
água recebida nos últimos três dias, mais uma vez, - a terceira depois da sua
construção há seis anos - a maior infraestrutura hidráulica de Cabo Verde
começou já a descarregar para a Ribeira Seca milhares de metros cúbicos de
água.
Tudo aconteceu na madrugada de 2 de Outubro, e a notícia
correu célere por entre os povoados de São Lourenço dos Órgãos e Santa Cruz, dois
concelhos do interior de Santiago que beneficiam directamente da água da
barragem.
A notícia corre célere. Porquê? Porque é assim - quando a
barragem fica cheia e transborda é porque a “azagua” já é uma certeza. Deixa de
ser, portanto, uma miragem, uma esperança, para passar a ser uma certeza,
papável e verificável a partir dos verdes milheirais a florirem pelas encostas
e achadas, ou sob o manto diáfano dos orvalhos que começam a afagar as culturas
pelas madrugadas da ilha.
Daí a grande expectativa no seio dos camponeses quanto à
enchente da barragem, o mais novo “ex-libris” dos camponeses de Santiago e de
Cabo Verde! Porque, para o homem do campo, a água é muito mais que o líquido
precioso definido pelos manuais escolares. Para o homem do campo, a água é
alegria, é fartura, é festa, é vida.
Barragem de Poilão é, pois, tudo isso. Porque trouxe alegria,
fatura, festa, vida. E quando transborda, e colunas de água descem,
cantarolando, por entre os pedregulhos da ribeira, a caminho do mar, o coração
salta de alegria no peito rugoso do camponês.
É mais um ano que se venceu.
Bem-haja a chuva! Bem-haja a barragem de Poilão!
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