quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Barragem da Faveta preocupa MDR.

Barragem da Faveta preocupa MDR
O Ministério do Desenvolvimento Rural prosseguiu quarta-feira a avaliação da percolação da água que já é visível na barragem de Faveta, uma situação denunciada pelas empresas portuguesas construtora e projectistas da infra-estrutura, alegando a não realização de algumas obras.
Em correspondências trocadas com o Ministério do Desenvolvimento Rural (MDR) de Fevereiro a Setembro deste ano, a Monte Adriano informou que, com o enchimento da albufeira da Faveta, se verificou “uma significativa percolação (movimento lento subterrâneo da água) lateral de água”.
Prova disso, refere uma das mensagens da construtora a que a Inforpress teve acesso, é um fio da água que está a escorrer no encontro da parede da barragem com o maciço rochoso, na margem direita desta, mas a situação no lado esquerdo “é muito idêntica”.
Avisou, por outro lado, que a barragem de Saquinho poderá ser afectada do mesmo modo, dado que, apesar da pouca água, “são já visíveis percolações de água com natural tendência para o agravamento assim que os níveis da água subirem”.
Referindo-se à Faveta, a construtora confirmou que era “de esperar”, porque não se deu a devida atenção aos alertas que emitiu em tempo oportuno e criticou o MDR por não ter realizado as cortinas de impermeabilização e de drenagem nem a consolidação do maciço de fundação da barragem.
Por esta razão, justificou, o projectista Norvia Construtores Engenharia propõe a vinda a Cabo Verde de um especialista da equipa para constatar “in loco” o que se passa e propor medidas correctivas.
No entender da Norvia, a situação “pode, na verdade, ser grave”, enquanto a co-consultora e co-projectista Cenor considerou que “a intensidade da percolação é muito elevada num sítio em que a qualidade da fundação era deficiente”, podendo estar em causa “não só a estanquidade da obra, mas a sua própria estabilidade”.
Todas estas situações estiveram no centro das atenções da missão que esteve esta quarta-feira, 25, na barragem, integrando a directora da Engenharia Rural, Maria da Cruz, o bastonário da Ordem dos Engenheiros, João Ramos, e o representante da empresa fiscalizadora da obra, Prospectiva.
No terreno, estiveram também um técnico do Laboratório de Engenharia Civil (LEC), a delegada do MDR em Santa Catarina e o presidente da Câmara de São Salvador do Mundo, João Baptista Pereira.
Em declarações à Inforpress, o coordenador da equipa técnica do Programa Linha de Crédito Português, Eugénio Barros, adiantou que, após uma discussão na câmara, ficou decidida a elaboração de uma acta com propostas de algumas medidas para apresentar à ministra Eva Ortet.
Admitiu que existe “alguma preocupação” em relação à água “limpa” que está a sair pela parte lateral da barragem, infiltrando-se pela rocha, através da parte alta, mas, “neste momento, não existe nenhum perigo para a segurança da mesma”, afiançou.
A prioridade agora é analisar as precauções a tomar, de modo a estancar e impedir a passagem dessa água que está a correr, notou Eugénio Barros, para acrescentar que “o mesmo acontece em relação à barragem de Poilão”.
Só que precauções devem ser tomadas, assim como medidas para a correcção da situação actual, defendeu, revelando que, “neste momento, não é possível fazer os trabalhos de estancamento da água”.
Há que deixar a água descer um bocado na albufeira da barragem e isso com o devido acompanhamento do geólogo do projectista, observou.
“E não há necessidade de fazer a descarga de fundo, porque esta seria uma medida para casos extremos”, indicou o coordenador da equipa técnica, lembrando que estas medidas foram apresentadas, durante a construção, pelo projectista.
Assegurou que não foram feitas, na altura, porque se optou por “ver primeiro o comportamento da barragem" e por limitações, até de ordem financeira, tendo a empresa fiscalizadora também feito recomendações neste sentido.
Além das correcções a serem introduzidas, Eugénio Barros anunciou a criação de equipas para fazer o controlo e a segurança da barragem inaugurada a 20 de Julho deste ano.
Como infra-estrutura hidráulica de captação de água de escoamento superficial, a barragem da Faveta tem capacidade para armazenar 670.620 m3 de água ano, podendo ainda reter mais 300.000 a 400.000 m3/ano, resultante de escoamento superficial durante uma boa parte do ano (Outubro a Abril).
Orçada em 437.394.879 escudos, a barragem foi executada pela empresa Monte Adriano e fiscalizada pela Prospectiva, tendo a Norvia e a Cenor sido consultores e projectistas responsáveis.
A sua execução foi feita no quadro do Programa Energia Renováveis Ambiente e Mobilização de Água (PERAMA) e pelo Projecto Barragem e Modernização de Agricultura (PBMA), financiados pelos governos português e cabo-verdiano.

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